viernes, 2 de diciembre de 2011

Se os pardais fossem uruguaios - escrito por Gitano Manso*


Um pequeno jornaleiro de ’30, realiza seu trabalho em uma agradável e outonal manhã
de domingo, em alguma cidade do centro do Uruguai.
Os diários compartiam em primeira capa o intricado paralelismo entre os uruguaios e os
pardais. Ao grito de: “se os pardais fossem uruguaios chegariam ao Uruguai por ar”, o
pequeno italiano chamou a atenção de quem com solene presença caminhavam as ruas
de paralelepípedo daquele povo silencioso e sem poluição.
Se os pardais fossem uruguaios, construiriam entre as nuvens, a arquitetura que dera
tributo à sua paixão e em vistas de comemorar o centenário de sua independência.
Se os pardais fossem uruguaios, formariam grupos de crítica político – social armando
mediante voos pouco sincronizados e espontâneos uma pseudo obra de ópera, enquanto
outros criariam grupos, divididos em três, onde com seus bicos realizariam sons
rítmicos e bailáveis, todos desfilariam pelas copas das árvores com algazarra e
liberdade.
Se os pardais fossem uruguaios, se reuniriam assiduamente com a desculpa de compartir
vários tipos de minhocas em família onde cozinharia o mais sábio dos pardais ou entre
amigos onde provavelmente utilizariam um ninho público para sua reunião. Durante a
mesma, criticariam todos os pardais que os lideram, e sem problemas trocariam de
temas entre, o porquê do brilho das estrelas e porque são capazes de voar.
Se os pardais fossem uruguaios, a metade deles voaria em uma centésima parte de seu
céu, trabalhando em escritórios ou sendo pardais marginais, os quais seriam
implicitamente obrigados a voar quase raspando o solo para não incomodar o voo dos
afortunados que conseguiram progredir. A outra metade dos pardais, se distribuiriam em
algumas nuvens onde voariam tranquilos com sua família ou se verão obrigados a voar
através dos poços de ar, cheios de tráfego, sem identidades, sem cantos matinais que
desejem um bom dia.
Se os pardais fossem uruguaios, criariam uma colossal estrutura invisível, para que os
serviços sejam gratuitos, fazendo com que os pardais que voam por oito horas seguidas,
invertam grande parte da comida de seus pardaizinhos em manter essa estrutura,
enquanto que os pardais que dominam o céu decidirão sutilmente o futuro de todos.
Se os pardais fossem uruguaios, criariam a seguinte canção: “sou um pardal, sou um
bufão, que cantando alegre vai, de garupa no caminhão, que atravessa a cidade”.
* estudante de Antropologia

http://www.youtube.com/watch?v=b2oK1WfgQ7M

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